Foi P. D. James, escritora inglesa, que criou a famosa personagem de Adam Dalgliesh, o detetive "alto, moreno e elegante" que escrevia poesia e conduzia um Jaguar. Os seus editores consideravam-na "uma das maiores escritoras do mundo".
P. D. James, a escritora inglesa considerada a rainha do crime e da ficção policial, morreu esta quinta-feira, aos 94 anos. O papel central da sua obra foi desempenhado por Adam Dalgliesh, detetive "alto, moreno e elegante" que vivia num apartamento em frente ao rio Tamisa, em Londres, e que escrevia poesia e conduzia um Jaguar.
Dalgliesh, inspirado em Mr. Darcy de "Orgulho e Preconceito", o famoso romance da escritora inglesa Jane Austen, surgiu pela primeira vez em 1962, com "Cover Her Face", o romance policial que assinalou a estreia de P. D. James e foi publicado pelo primeiro editor que lhe pôs os olhos em cima.
Foi também "Cover Her Face" que lançou P. D. James nessa carreira de vários sucessos literários, reconhecidos pela academia e pela crítica com a atribuição de vários prémios, incluindo o Diamond Dagger (da Crime Writer's Association) e o Mystery Writers of America Grandmaster. A maior parte dos seus romances que têm Dalgliesh como protagonista foi adaptada à televisão, em séries britânicas e norte-americanas.
Em Portugal, tem publicados, entre outros, os livros "Os Filhos dos Homens" (Porto Editora), "Uma Estranha Profissão Para Uma Mulher" e "O Enigma de Sally Jupp", da Europa-América, e "Morte em Pemberley", também publicado pela Porto Editora.
A notícia da sua morte foi confirmada pelos editores da Faber and Faber (a sua editora no Reino Unido), que exprimiram, em comunicado, uma "profunda tristeza" pela morte da escritora: "É muito difícil para nós exprimir a nossa profunda tristeza pela perda de P. D. James, uma das maiores escritoras do mundo e autora da Faber desde o seu primeiro livro, em 1962".
"P. D. James foi notável em todos os seus aspetos da sua vida, uma inspiração e uma grande amiga de todos nós. É um privilégio publicar os seus livros. Trabalhar com ela foram sempre os melhores tempos, cheios de alegria. Vamos sentir muito a sua falta".
Nascida em Oxford, em 1920, P. D. James abandonou a escola aos 16 anos. A sua família não tinha muito dinheiro e, além disso, o pai não acreditava que os estudos superiores pudessem fazer alguma coisa pelas raparigas da família. Aos 21 casou-se com Ernest Connor Bantry, um médico militar ao serviço dos combatentes da Segunda Guerra Mundial, e mudou-se para Londres, onde deu à luz duas filhas. Quando o marido regressou da guerra, foi-lhe diagnosticado uma doença mental e James teve de começar a trabalhar para sustentar a família. De dia trabalhava e à noite escrevia.
Em 2011, em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", James dizia que sempre fora sua "intenção" escrever. Começou por se dedicar às histórias de crimes e detetives: era ali que se sentia mais confortável (não precisava de escrever sobre as "experiências traumáticas" da sua vida), e era ali podia praticar e treinar para o romance mais "sério" que julgava poder vir a escrever. Além disso, era da opinião que só um bom romance policial passava pelo crivo dos editores.
No ano passado, P. D. James revelou à BBC que estava a trabalhar num novo livro. Era, dizia a autora, "muito importante" para si conseguir escrevê-lo. "Com a velhice, torna-se muito difícil. É preciso esperar que a inspiração chegue, mas para se ser escritor é necessário escrever. Acho que enquanto estiver viva, vou escrever. Quando parar de escrever, será provavelmente porque eu própria parei de viver".
Sem comentários:
Enviar um comentário