domingo, 16 de novembro de 2014

"PORTO" A torre do Clérigos


Torre dos Clérigos 1833



       
Torre do Clérigos na actualidade

         

Palco de inúmeras histórias, a Torre relaciona-se com o Porto e o quotidiano dos seus habitantes… Aliás, o autor do projecto deixou marca inegável não só neste monumento como em toda a cidade, onde desenvolveu grande parte da sua obra. Talvez por isso, Nicolau Nasoni tenha sido sepultado na Igreja dos Clérigos, mas em local que ninguém sabe precisar.
A Torre foi durante muitos anos uma referência para a navegação, quase como um guia para orientar os navegadores na entrada da barra do Douro. Contribuiu também para ajudar os comerciantes a saber quando chegava ao Douro o “vapor da mala real”, uma embarcação que trazia de Londres dinheiro e letras de câmbio para pagar produtos que tinham sido exportados para Inglaterra. “Quando o vapor da mala real estava prestes a entrar no Douro, a Associação Comercial fazia subir balões ao alto da torre. Os comerciantes sabiam assim que podiam mandar os empregados para junto dos correios, a fim de receberem o mais depressa possível o dinheiro que vinha de Londres”, conta Germano Silva, no livro que está a preparar sobre esta temática.
A torre, se bem que mais considerada pelos habitantes do Porto, foi a última construção do conjunto dos Clérigos, dos quais fazem parte a igreja e uma enfermaria. Foi iniciada em 1754, tendo em conta o aproveito do terreno que sobrara para a instalação da enfermaria dos Clérigos. O projeto inicial de Nasoni previa a construção de duas torres, e não apenas de uma. A torre é decorada segundo o estilo barroco, com esculturas de santos, fogaréus, cornijas bem acentuadas e balaustradas. Tem seis andares e 75 metros de altura, que se sobem por uma escada em espiral com 240 degraus. Era, na altura da sua construção, o edifício mais alto de Portugal.
No primeiro andar apresenta uma porta encimada pela imagem de São Paulo, tendo por debaixo, inserido num medalhão, um texto de São Paulo, na Carta aos Romanos. A espessura das paredes do primeiro andar, em granito, chega a atingir os dois metros. Destacam-se as janelas abalaustradas do último andar, mais comprimido e decorado, e os quatro mostradores de relógio. Os materiais utilizados na construção da Torre dos Clérigos foram, principalmente, o granito e o mármore.
A Igreja da Irmandade de São Pedro dos Clérigos, no Porto, organiza-se em três corpos justapostos – igreja, dependência da irmandade e torre sineira (Torre dos Clérigos) – tendo esta última tal impacto visual que se transformou no ex-líbris da cidade.
O projecto foi desenhado por Nicolau Nasoni, que nasceu em Itália e trabalhou em Siena, onde terá adquirido a sua formação de base. À passagem por Roma, seguiu-se uma estadia em Malta, onde trabalhou para o grão-mestre D. António Manuel de Vilhena. Aí conheceu também Roque Távora e Noronha, irmão do deão da Sé do Porto, D. Jerónimo. Foi assim, com certeza, que acabou por ser convidado para se mudar para aquela cidade, onde já estava em 1725, a trabalhar na Sé, edifício onde deixou a sua marca.
A primeira obra portuguesa que se lhe deve integralmente é a igreja vulgarmente conhecida como “dos clérigos”, por ser pertença da irmandade do mesmo nome, de que era então presidente o já referido 
 D. Jerónimo Távora e Noronha. O projecto foi aprovado em 1731 e, no ano seguinte, teve lugar a cerimónia de colocação da primeira pedra. As obras arrastaram-se por vários anos, durante os quais o projecto inicial foi sendo alterado e adaptado. Os trabalhos mais significativos foram concluídos em 1763.
A construção da igreja colocava alguns problemas interessantes, a que Nasoni soube responder com soluções criativas e inegavelmente eficazes. A dificuldade maior prendia-se com o formato do lote, longo mas estreito. Para tirar pleno partido desta situação, Nasoni rejeitou a fórmula tradicionalmente usada em Portugal de colocar as torres na fachada e remeteu-as antes para as traseiras, libertando assim espaço na frente da igreja.
Ao mesmo tempo, a inclinação da Rua (hoje) dos Clérigos confere uma grande verticalidade à fachada, efeito sublinhado pela rotação do seu eixo em relação à rua. Finalmente, Nasoni conferiu à torre enorme altura (75 metros) e decorou-a com grande variedade de formas, atribuindo-lhe o protagonismo do conjunto. A conjugação de todos estes factores dá lugar a um incontornável efeito de monumentalidade.
A originalidade do projecto mantém-se no interior da igreja. Aqui, ao corpo rectangular da fachada segue-se a nave única de planta oval, solução rara no contexto da arquitectura portuguesa. Na verdade, a nave é composta por duas paredes separadas por um corredor. A parede exterior faz com que, quando vista de fora, a nave pareça um polígono alongado de lados menores arredondados.
Pelo contrário, a parede interior corresponde a uma verdadeira elipse, verticalmente ritmada pela utilização de grandes pilastras de ordem compósita, entre as quais se abrem portas, janelas e altares. A capela-mor é rectangular e liga o corpo da igreja à casa dos clérigos, por sua vez ligada à torre, último elemento desta progressão de volumes cada vez mais estreitos, acompanhando a definição do terreno.

Fontes:http://www.torredosclerigos.pt/pt/historia/2-paginas/1-historia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_dos_Cl%C3%A9rigos
Fontes de imagem:https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIY68qJAWf81O7Fb-TfMrGFipfzGtD0f-SbXNWAYN6O6YFPcr5

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