Um novo estudo mediu a forma como a tecnologia está a afectar as amizades e as vidas amorosas.
Diz o ditado popular que “entre marido e mulher, não se mete a colher”. Na era digital, a expressão muda e é o smartphone que não se deve meter entre marido e mulher. As novas tecnologias funcionam como uma faca de dois gumes: se em alguns casos pode aproximar o casal, noutros causa discussões.
Os novos telemóveis permitem o contacto em tempo real, utilização de emojispara revelar estados de espírito e o amor pelo outro mas também substituem as conversas antes de adormecer e aparecem sorrateiramente nos jantares a dois.
Um estudo, publicado em Novembro na revista The International Journal of Neuropsychotherapy, analisou o impacto das tecnologias de uma perspectiva neuropsicológica em 21 casais, revelou que quando um dos elementos do casal usa mais tecnologias do que o outro, faz o companheiro sentir-se inseguro e ignorado.
“Envolver-se em tecnologia, separado do companheiro mas na sua companhia, encoraja uma desconexão”, explicou Christina Leggett, investigadora sénior da escola de psicologia na Universidade de Queensland, na Austrália. “A desconexão nas relações leva a sentimentos de insatisfação e compromete o sentido individual de segurança, apego e controlo”, acrescentou.
A descoberta é corroborada por estudos anteriores. Em 2013, Sarah Coyne, investigadora da Brigham Young University, nos Estados Unidos, analisou e questionou 140 casais sobre o impacto da tecnologia na relação. Mais de metade das mulheres (65%) afirmou que as tecnologias estavam a interferir na relação e a investigadora concluiu que quanto mais interferência tecnológica existia, mais conflitos e discussões existiam, resultando em “casais e relações infelizes”.
Mas nem toda a tecnologia caiu no lote de “má interferência”. A televisão foi um dos objectos que aproximou o casal, em vez de os afastar, uma vez que os casais viam filmes ou séries televisivas juntos. O estudo publicado em Novembro comprovou também que a televisão é "o principal meio de tecnologia partilhado entre casais" e que quando assistem a algum programa juntos, interagindo um com o outro, há um "aumento da sensação de segurança".
Já as mensagens escritas em demasia e os pedidos de desculpa por esta via criam insatisfação e irritação. Da mesma maneira, os computadores criam uma distância ainda maior, uma vez que o dispositivo em si isola o casal.
“O uso excessivo do telemóvel, ou outra tecnologia, por parte de um, ou dos dois, elementos do casal, é um caminho para relações tensas”, escreveu James Roberts, professor na universidade Baylor, no Texas, Estados Unidos, em 2012.
Pieter J. Rossouw, co-autor do estudo agora publicado, indica algumas maneiras de encontrar o equilíbrio. Além de saídas a dois sem dispositivos tecnológicos, o professor de Queensland sugere que o casal crie zonas dentro de casa onde as tecnologias são proibidas. “O quarto deve ser um espaço sagrado, livre de tecnologia”, sublinhou.
Mas, frisam os investigadores, os contras das tecnologias não superam os prós. “Poder estar em contacto com os entes queridos quando estes não estão fisicamente presentes é um benefício que não pode ser subestimado”, disse Michael J. Rosenfeld, professor de sociologia na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, ao New York Times. “Não discordo que a tecnologia nos pode distrair e afastar das pessoas que estão fisicamente mais próximas, mas não vejo nenhuma evidência que os nossos relacionamentos estejam a ser prejudicados pela tecnologia”.
fonte:http://lifestyle.publico.pt/noticias/342557_novas-tecnologias-podem-contribuir-para-o-afastamento-do-casal/-1
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