sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A cultura portuguesa tem viagem marcada para a América

Durante três semanas, o centro John F. Kennedy, em Washington, abre portas à cultura portuguesa. José Saramago, Fernando Pessoa, Vhils, Camané, Carminho: alguns nomes que vão dar que falar nos Estados Unidos, em março de 2015.

O artista Alexandre Farto, aka Vhils, fará um retrato de Fernando Pessoa a partir de páginas dos seus livros nas paredes do Kennedy Center. /  Tiago Miranda
 
Cerca de um mês depois de ter saído o seu "Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas", trinta páginas de um romance que ficou por terminar, ficámos a saber que José Saramago vai ser homenageado em Washington (EUA), na Biblioteca do Congresso. O tributo ao Prémio Nobel é apenas uma das muitas iniciativas que compõem o programa do festival "Iberian Suite: Arts Remix Across Continents", uma mostra de criação contemporânea de Portugal e Espanha que terá lugar no John F. Kennedy Center for the Performing Arts, em Washington, entre os dias 3 e 24 de março de 2015.
Ainda nos livros e na literatura, há a referir a participação de Afonso Cruz, José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso, e ainda de Fernando Pessoa, que será evocado através das palavras dos admiradores e estudiosos da sua obra, como Richard Zenith, e através do retrato que Vhils (Alexandre Farto), o artista de rua, fará a partir de páginas dos seus livros nas paredes do Kennedy Center.
Mas nem só de livros e literatura se fará este festival, que se estende também ao teatro, música, artes visuais e dança. Quem faz a promessa é Alicia Adams, curadora e vice-presidente do Kennedy Center para as áreas da dança e da programação internacional, que garante que o festival irá "oferecer um panorama amplo e vibrante das tradições culturais contemporâneas, cujas raízes têm mais de um milénio". Na mesma nota de imprensa, a responsável acrescenta que "a interseção das artes nos continentes revela a qualidade, pluralidade e criatividade dos vários géneros e modas que emergiram do contacto e encontro de artistas que partilham a língua portuguesa e espanhola".
Na música, Carminho e Camané vão acompanhar em concerto a National Symphony Orchestra, orquestra residente do John F. Kennedy Center, dirigida pelo maestro Jesús López-Cobos, e Rodrigo Leão, Sofia Ribeiro, Luísa Sobral, The Gift, António Zambujo e Moreira Chonguiça, saxofonista moçambicano, marcarão também presença em concertos nos vários palcos do centro.
No teatro, Diogo Infante e João Gil interpretam o poema "Ode Marítima", de Álvaro de Campos, numa programação que inclui ainda "Contos em Viagem - Cabo Verde", peça do Teatro Meridional, os espectáculos "Três dedos abaixo do joelho" e "By Heart", da companhia Mundo Perfeito, e "What I heard about the world", peça que resulta do encontro da companhia Mala Voadora com o coletivo britânico Third Angel. Vasco Wellenkamp, na dança, apresentará "Fado, Rituals and Shadows", o espectáculo que criou para a sua Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo.
Uma "exposição histórica"
Para o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, este festival constitui uma "oportunidade única para que a cultura portuguesa se consiga finalmente afirmar nos Estados Unidos". É, além disso, "uma exposição histórica no contexto da arte contemporânea portuguesa, numa das mais importantes instituições culturais", esperando-se, por isso, "que o público e a crítica americana se aproximem de forma direta e efetiva daquilo que se faz em Portugal".
Segundo o secretário de Estado da Cultura, o Governo vê com "grandes expectativas" a participação de Portugal neste festival, participação que terá, de resto, financiado com 150 mil euros, reforçados com um contributo do Instituto Camões de 50 mil euros.

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