Entrevista ao Prof. Doutor Jorge
Sequeira
Docente
Universitário
Motivational Speaker
Investigador
Comentador Televisivo
Empresário
Consultor
Autor
Motivational Speaker
Investigador
Comentador Televisivo
Empresário
Consultor
Autor
Jornalista: Maria de Fátima Teixeira
“Sinto que já me falta tempo”
Professor Jorge
Sequeira, licenciado em psicologia, participante no desenvolvimento
comportamental de várias empresas, como o Carrefour, Efacec, EDP, Sonae,
Worten, Zurich e Pepsi, entre outras. Com grande destaque nas áreas da
Inteligência Emocional, Resiliência, Gestão do Talento, Liderança, Motivação e
Condução de Equipas. É docente universitário com Doutoramento no Treino de
Competências Mentais. Fundou a empresa Team Building e é autor de várias
crónicas e artigos científicos. No contexto desportivo, fez parte da equipa
técnica do S.C. de Braga, é ainda professor de ilustres figuras como José
Mourinho, assim como comentador na TVI e no Porto Canal.
Maria de Fátima Vasconcelos Teixeira (M.T.): Como é que o professor
decide os assuntos que comenta? Qual é o processo de seleção?
Jorge Sequeira (J.S.):
Primeiro tento comentar aquilo que está na atualidade, essa é uma
possibilidade. A outra possibilidade é exatamente o inverso: falar daquilo que
ninguém falou. Determinados assuntos já estão tão poluídos como, por exemplo, a
detenção de José Sócrates, que eu procuro falar sobre coisas absolutamente
diferentes, tais como a droga ou o divórcio. Isto é, qualquer coisa relacionada
com um assunto completamente diferente, de forma a “descontaminar”. Este é um
dos critérios. Eu não posso fugir à atualidade até porque seria uma coisa
esquizofrénica. Se Portugal estiver a arder, então, não vou falar de um fora de
jogo em Alvalade. Falo de coisas de interesse geral. Por exemplo, como
psicólogo, a ansiedade é um tema que pode interessar às pessoas, ou a
autoconfiança, por exemplo. São temas intemporais. As pessoas têm curiosidade
em saber mais sobre eles independentemente do tempo, seja hoje, amanhã ou daqui
a 15 dias.
M.T.: O
professor Jorge Sequeira é licenciado em Psicologia. O que é que o levou a
tornar-se comentador?
J.S.: O que me
levou a tornar-me comentador foi o facto de as pessoas acharem que a minha
opinião era interessante e que acrescentava valor, podendo fazer alguma
diferença. Sem que isto represente qualquer pretensiosismo. As pessoas
consideravam relevante o que eu dizia, enfim, porque para além da licenciatura,
fiz um doutoramento, estou envolvido em muita coisa, tenho uma empresa, etc.
Mas quem decide isso são as pessoas que me ouvem. Se eu não tiver audiência,
então não faço sentido.
M.T.: Ser comentador, foi algo que sempre
quis fazer?
J.S.: Não! Eu
queria ser bombeiro ou aquelas outras coisas todas que os putos sonham fazer um
dia. Agora, como tenho uma visão muito crítica – o que não significa criticar
negativamente, pelo contrário, gosto de refletir acerca do mundo que me
circunda –, essa hipótese acabou por surgir. Antes fazia isso no café, em
universidades e fóruns, agora faço-o em televisão e nos jornais.
J.S.: O meu
maior desafio…foram muitos! Foi, por exemplo, trabalhar com uma equipa de
profissionais de futebol, neste caso o Sporting Clube de Braga. Uma equipa que
estava para descer de divisão e que, passados três anos, tornou-se numa das
mais competitivas de Portugal.
M.T.: Neste caso, leva-me a pensar que
faria um pouco de coaching?
J.S.: É melhor
não usarmos essa expressão. Anda aí muito “coaching” que são “gajos” que fazem
cursos de meia dúzia de horas e que pensam que sabem tudo. Eu prestava
assessoria ao professor Jesualdo Ferreira, e também aos jogadores, na área
comportamental. Ou seja, em questões relacionadas, por exemplo, com a
motivação, a confiança, a liderança, a gestão emocional ou controlo de
ansiedade, entre outras dimensões psicológicas.
M.T.: O
professor, para além de comentador, já deu formação. Qual destas atividades foi
a que mais o realizou?
J.S.: As
palestras! Para mim, a formação é uma coisa mais para a “escolita”. As
palestras são o que me dá mais gozo. É o que me dá mais adrenalina, mais
“pica”, ansiedade antes de entrar no palco. Trabalho com as melhores empresas
do mundo como a Pepsi, a EDP, a Galp ou a Fujitsu, e sentir que podemos
melhorar ainda mais organizações que já estão no top é deveras gratificante.
M.T.: Para
além de todas estas áreas o professor também é head manager da empresa Team Building . Como é que divide o seu
tempo de forma a conciliar todas estas atividades?
J.S.: Eu não sou daqueles que diz que trabalha muito, que não
dorme…coitadinho de mim! De todas as atividades em que me envolvo dão-me todas
gozo, realizo-as com entusiasmo. Ouve alguém que disse: “faz o que gostas e não
trabalharás um único dia na tua vida”. De facto, é isto que acontece! Estou
simplesmente a pensar que hoje vai ser um dia “brutal”, que vou adorar e espero
que os outros também gostem. Concilio tudo na “boa” porque não encaro como uma
exigência. É prazer! Eu agora vou para Lisboa e depois para o Algarve, mas não
vou trabalhar! Sim, vou ganhar dinheiro, mas vou fazer o que gosto, aquilo que
sempre estudei, aquilo em que sempre investi, aquilo que eu acho que pode mudar
a vida das pessoas…para melhor claro!
M.T.: O que o motiva a manter-se ativo em
todas estas atividades?
J.S.: Mudar
vidas e a minha também. Melhoria contínua! Às vezes vou a um sítio e, em vez de
ensinar, acabo por aprender. Por exemplo, hoje vou trabalhar com a Bosch, uma
das maiores empresas do mundo. A Bosch investiu vinte mil milhões de euros nos
últimos cinco anos. Regista vinte patentes por dia e está presente em noventa e
três países. Estou convicto de que me vou capacitar mais com eles do que eles
comigo.
M.T.: Como é comentar para o Porto Canal e
ser reconhecido?
J.S.: É “fixe”!
Primeiro porque adoro aquela equipa, superiormente liderada pelo Júlio
Magalhães, com quem eu tenho uma rúbrica semanal. Eu gosto de ser reconhecido,
claro, e agora até não sou muito…quando estive na TVI era mais. Contudo, eu não
existo para aparecer, apareço porque existo! É quase como um blog
televisionado: pensamos sobre as coisas e sobre a vida e depois partilhamos
isso com milhares de pessoas. A televisão permite-nos isso e o Porto Canal é
“porreiro” e atencioso…não tem a mania que é o melhor do mundo! Tem grandes
profissionais e, não tendo os recursos que os outros têm, consegue fazer coisas
excecionais. É muito bom!
M.T.: Dos temas que já comentou, qual foi
o que mais o marcou?
J.S.: Vou falar
de um que ainda não comentei, vou fazê-lo na próxima semana. Refiro-me ao
assassinato da namorada do jornalista Fernando Santos, da Sport TV. O caso foi
noticiado em todo o país, e eu conhecia a vítima. A sua morte ocorreu há cinco
anos e a justiça não conseguiu desvendar o mistério. Incrivelmente, a pessoa
que assassinou a Alexandra Neno entregou-se há quinze dias atrás, pois não
conseguia viver com esse conflito mental. Vivi de perto um pouco do drama,
neste caso do namorado, que, como imagina, viveu durante cinco anos com esta
dúvida sobre quem é a matou e por que o fez. É uma situação desesperante.
M.T.: Se pudesse mudar alguma coisa no seu
percurso profissional o que seria?
J.S.: Tinha
feito tudo um bocadinho mais cedo. Eu acho que sou muito lento. Demorei sete
anos a fazer uma tese de doutoramento, se demorasse quatro teria sido melhor.
Sou bastante perfecionista, não que perfeccionista queira dizer que seja
perfeito, e até acho que não sou. Demoro muito tempo! Devia ter feito as coisas
mais rápido. Sinto que já me falta tempo! Mas, de resto, acho que estou no
caminho certo. Fiz o curso que quis, o mundo empresarial também me fascina. Não
trabalho propriamente para a comunicação social, é um hobbie que me
agrada. As palestras surgiram na minha vida quase por acaso. Hoje é o meu
trabalho, quase inventei esta profissão!
M.T.: Na sua opinião, o que lhe falta
fazer?
J.S.: Um livro
decente, que não seja um catecismo. Quero algo do qual me orgulhe, que não seja
mais do mesmo, que não seja uma “treta”. Escrevo para chegar ao livro que vá
nessa linha, algo que crie impacto, nem que seja para as pessoas não gostarem
ou até odiarem. Mas que não seja uma coisa “choca”. É essa a ideia…
M.T.: Quais são os seus planos para o
futuro?
J.S.: Conhecer
todos os países do mundo. Já conheço cento e sete países e essa é a minha
grande ambição de facto! São cento e noventa e quatro, faltam cerca de oitenta
e tal, e todos os anos vou para o fim do mundo, desde os Himalaias até à
Cordilheira dos Andes. É a meta da minha vida, sem dúvida o meu maior desígnio.
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